Tá certo,
tudo bem: toda seleção é questionável e pode ser que bons e ótimos poemas
tenham ficado de fora (lembro pelo menos de um do Torquato e outro do Leminski
melhores que os selecionados). Mesmo assim me espanta a debilidade dos 10 poemas escolhidos - a imaginação rasteira, o nível cognitivo e o
domínio linguístico ginasianos, a pobreza experiencial e a secura espiritual.
Eu não tenho dúvidas de que tomada em seu conjunto, desconsiderando portanto
esta ou aquela contribuição individual, a Poesia Marginal foi a pior merda que
aconteceu à poesia brasileira no século XX
*
"Causou-me
sempre uma certa angústia pensar que todas as línguas se limitam a meia dúzia
ou uma dúzia talvez de palavras para nomear tudo o que uma pessoa pode sentir
por outra, pode pretender de outra. Enquanto que os vocabulários da agricultura, da pecuária, da caça, da guerra, dos jogos são
prolixos, minuciosos, inesgotáveis, o da convivência pessoal é incrivelmente
tosco. E como a língua fornece a pauta da primeira interpretação da vida, a
prisão linguística obstrui a liberdade das relações pessoais. Não sabemos bem o
que pretendemos de cada pessoa - e de fato não o pretendemos e não o
conseguimos - porque não temos palavras com que o nomear" (JULIÁN MARÍAS,
"Antropologia metafísica", p. 235-236)
*
O Facebook
é o lugar inautêntico onde as pessoas mais clamam por autenticidade. Não
suporto mais esse lengua-lengua de 'seja você mesmo e viva feliz'. Primeiro, é
uma grande besteira esse papo de ser feliz; quem cai nessa vive geralmente
mentindo para si e para os outros, levando bofetada da vida e fingindo que está
sendo beijada. Segundo, ser você mesmo custa caro: a autenticidade raramente é
premiada. Se você quer ser você mesmo, ainda que seja uma pessoa polida e
compreensiva, prepara-se para as porradas do mundo!
*
“Trazendo o
texto para a realidade...”. De cada dez vezes que ouço esta frase, em nove
delas a pessoa quer mesmo é recusar o esforço interpretativo e ficar no seu
mundinho particular. Pura negação da alteridade.
*
“A vida é um combate
cotidiano contra a estupidez própria” (Nícolas Gómez Dávila).
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