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sábado, 25 de agosto de 2012

Divagações antropológicas sobre a identidade piauiense II: Torquato-Faustino-Dobal


Torquato Neto é a miragem cosmopolita da caricatura que o artista piauiense quer ser no plano cultural. Por que caricatura? Porque se ignora, aqui, o atraso social como dado que influi na produção e na circulação do produto artístico. Bem como se ignora a dinâmica das trocas simbólicas (Bourdieu) que são significativas na definição do status e da importância do artista.

Mário Faustino é o emblema da saída pelo universal: para ele converge o sonho – às vezes dramaticamente honesto, às vezes eivado de pedantismo ou ressentimento – do artista piauiense que abdica do debate local.

H. Dobal é a força sublimadora que soube, numa atitude estóica, reelaborar a pobreza e a subserviência piauienses em matéria de arte, uma arte ao mesmo tempo solar e trágica, sensível a força do tempo e a pequenez do homem, sensível ao dilemas sociais que cerceiam o sertanejo, mas sem um laivo de derrotismo. Algo próximo do amor fati nieztscheano.

(Obviamente, nem Torquato nem Faustino tomaram essa demanda do dilema regionalista para si. Mais óbvio ainda que o fato de Dobal ter assumido esta demanda  não o fez nem melhor nem pior como poeta. Não se trata, enfim, de um dado estético)


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