Torquato Neto é a miragem
cosmopolita da caricatura que o artista piauiense quer ser no plano cultural.
Por que caricatura? Porque se ignora, aqui, o atraso social como dado que influi
na produção e na circulação do produto artístico. Bem como se ignora a dinâmica
das trocas simbólicas (Bourdieu) que são significativas na definição do status
e da importância do artista.
Mário Faustino é o emblema
da saída pelo universal: para ele converge o sonho – às vezes dramaticamente honesto,
às vezes eivado de pedantismo ou ressentimento – do artista piauiense que
abdica do debate local.
H. Dobal é a força sublimadora
que soube, numa atitude estóica, reelaborar a pobreza e a subserviência piauienses
em matéria de arte, uma arte ao mesmo tempo solar e trágica, sensível a força
do tempo e a pequenez do homem, sensível ao dilemas sociais que cerceiam o
sertanejo, mas sem um laivo de derrotismo. Algo próximo do amor fati nieztscheano.
(Obviamente, nem Torquato
nem Faustino tomaram essa demanda do dilema regionalista para si. Mais óbvio
ainda que o fato de Dobal ter assumido esta demanda não o fez nem melhor nem pior como poeta. Não
se trata, enfim, de um dado estético)
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