O que é uma aula
universitária hoje? Direi cruamente: uma conversa informal, onde qualquer
recorrência a termos científicos ou exigência de rigor lógico é logo tachada de
pedantismo, e que se parece com o programa do Serginho Groisman: cada um dá sua
opinião, relata sua experiência como se fosse a última coca-cola do deserto e,
no final, não se chega a lugar algum. Em
nossas universidades, ou a busca da verdade não interessa mais ou a “verdade” é
dada de antemão por alguma “causa” nobre pela qual o aluno – e às vezes o
professor – está engajado. Em suma, a cultura universitária em que estamos
imersos, como bem disse J.
Francisco Saraiva, “é uma cultura da conversa: o saber foi destronado pela
troca de opiniões ou de perspectivas pessoais sobre o mundo e fragmentos do
mundo”. Na situação atual de nossas
universidades, ou o aluno aprende que é natural falar munido apenas de sua
minguada experiência ou, se for mais esperto, aceita ser doutrinado pelo
professor-vulgarizador do teórico da moda (o que lhe traz bolsas de estudo e
outras benesses). O que eu acho mais opressor neste estado de coisas é a
pseudodemocracia que nos induz a crer que toda opinião tem igual valor, não
importando seu fundamento (ou sua falta de fundamento). Isso significa dizer
que o professor que refuta uma opinião infundada ou um juízo errôneo, por mais
gentil e sutil que seja em tal refutação, está fazendo inimigos. O professor
universitário que se recusa hoje a ser “legalzinho” tem que ter muita coragem:
primeiro, para não cair na tentação absurda do autoritarismo; segundo, para enfrentar
o exército de inimigos que, a seu contragosto, ele ajudou a formar.
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